Homenagem da Advocef a Adriana Meirelles

A Advocef, com o apoio carinhoso dos colegas e amigos do Jurídico do Rio de Janeiro, preparou esta homenagem póstuma como forma de honrar a memória de Adriana Maria de Almeida Meirelles, advogada da Caixa, que nos deixou de forma precoce na última sexta-feira (28/11). Uma mulher forte. Corajosa. Pragmática. Marcante. É assim que os amigos descrevem Adriana, cuja partida abriu um vazio imenso entre os que tiveram o privilégio de conviver com ela.

Mãe de quatro filhos e um cachorro, Adri, como era carinhosamente chamada pelos amigos, fez de sua vida uma poesia que fala sobre dedicação, carinho, atenção e cuidado. E aja atenção para administrar tantas coisas ao mesmo tempo: a vida de mãe, esposa, profissional, amiga… fazia tudo com maestria.

“A Drica era forte, decidida, amava ser mãe e todo o caos que isso gera. Administrava muito bem a logística da vida dos quatro filhos. Eu dividia o vidro com ela (salas coladas) e em outro momento a própria sala. Era pragmática, organizada, rápida com os prazos, eficiente em tudo. Falava na cara o que pensava. Era sincera e justa. Se preocupava com o bem-estar de todos”, conta a advogada Paula Brezinscki Torrão.

Altruísta, Adriana marcou a vida de Paula com um gesto inesquecível ao saber que o esposo da amiga teve leucemia e precisava de transplante. “Ela foi a primeira a correr e fazer a doação da medula. Se antecipava ao pedido. Percebia a necessidade antes. Era muito amiga. Amiga de verdade. Não era pouca coisa. Contornava as situações difíceis. Com ela, não havia naufrágio solo. Me ajudou absurdamente nos 7 meses em que meu marido lutou contra o câncer. E me ligava direto durante a pandemia, preocupada com minha recente viuvez (apenas 4 meses antes da pandemia). Era um mulherão”, destaca.

Os olhos que enxergavam além

Além das atitudes, os olhos verdes eram uma grande marca de Adriana. E foi por meio deles que ela enxergava além, percebia as necessidades e se disponibilizava a ajudar. A associada Leila Matheus Rega conta que conheceu Adri logo que entrou na Caixa. Era uma época de muitas publicações, mas que se tornava leve na companhia dela.

“Apesar de trabalhamos pouco tempo juntas, foi o suficiente para nascer uma amizade sincera e uma cumplicidade que guardo até hoje. Sinto muita falta dessa época, do convívio de todo dia e das suas risadas. Lembro que ficava impressionada de como ela conseguia dar conta de tudo com maestria: trabalho, casa, marido e filhos, e sempre com sorriso largo no rosto“, recorda. “Ficamos grávidas na mesma época e engordamos juntas, comendo o nosso bolo de chocolate com calda de brigadeiro que ela nunca queria dividir!! Ela era uma ótima profissional, prática e que conseguia dar conta de todo o trabalho de forma rápida e ainda desempenhar muito bem a tarefa de ser mãe de quatro, cuidando de todos os detalhes da criação dos filhos sem delegar para ninguém. Uma mulher linda, ruiva de olhos verdes e que muitas vezes nos confundiam (para a minha sorte!) e nos apelidaram de ‘as ruivas do jurídico’.  Uma amiga alegre, carinhosa e leal que deixou lembranças incríveis no meu coração”, Leila Matheus Rega.

 

A colega de sala que virou amiga

“Adriana foi minha colega de sala que virou amiga. Era uma riqueza de pessoa: forte, amiga, competente, assertiva, engraçada e uma mãe admirável. Rimos muito e nos confortamos muito.  Seguirá entre nós nas boas memórias que construímos e em cada um dos seus filhos, de quem tão dedicadamente cuidou. Fará uma falta imensa”, disse Karine Volpato Galvani.

“A Adri foi uma das mais extraordinárias e potentes mulheres que conheci e tive o prazer de ter como amiga, e ela merece todas as homenagens”, Roberta Muratori Athayde.

“Tive o prazer de trabalhar com ela na mesma área. Excelente profissional, muito séria e competente. Mas, ao mesmo tempo, uma pessoa muito leve, divertida e amiga. De ótima convivência e sempre com um sorriso fácil e alegre. Fará muita falta”, Leonardo Martuscelli Kury.

Adriana entendia o timing das coisas

“Adriana veio para Niterói morar num ótimo apartamento, pagando caro. Comprou também, por uma pequena fortuna, uma vaga a mais de garagem para o filho, para quando crescesse. Felipe era criança pequena na época.

A cidade valorizou. Vendeu tudo ainda mais caro, antes da bolha estourar, e voltou para o Rio. Foi morar num quatro quartos no Leblon.

Não faz muito tempo, me avisou sobre uma cobertura à venda, oportunidade: “Está por 600 mil. Compra, vale um milhão.” Não comprei, mas fiquei de olho. Acabou sendo vendida por quase dois.

Adriana entendia o timing das coisas. A hora de entrar; a hora de sair.

No trabalho, tocava os maiores acervos do contencioso. Dizia pra ela: “relógio suíço”. Padrão ouro de organização e eficiência. Dava conta de tudo.

Casou. Separou. Se apaixonou. Casou de novo. Quatros filhos e um cachorro.

É duro aceitar que alguém tão consciente do seu tempo e das suas escolhas tenha partido cedo. Parece errado. Tenho admiração por tudo o que conseguiu fazer, sempre no ritmo dela — firme, valente, enorme. Adriana fica na gente”, Daniel Burkle Ward.

 

Adriana era única

“Quando pediram o depoimento sobre a Adriana, a primeira coisa que pensei foi no limite de caracteres. Não porque eu não tivesse o que dizer, mas porque seria difícil conter tantos sentimentos em poucas palavras”, disse o associado Vinícius Marques.  Para ele, as palavras são limitadores e não abarcam todas as acepções possíveis. Ainda mais quando se trata de sentimento.

“Adriana já era advogada, aprovada no concurso de 2001. Eu ingressei depois, no concurso de 2004, e foi nesse contexto que nossas trajetórias se cruzaram. Logo após a greve bancária, entrei na Coordenação de FGTS do JURIR/RJ. Naquela época, trabalhar com planos econômicos e taxa progressiva ainda era um desafio enorme, embora a Coordenação tivesse um incremento de cinco advogados recém-contratados. Mas ela encarava o acervo com bastante tranquilidade, mesmo exercendo a maternidade do seu primeiro filho.

Adriana sempre foi mais reservada. Mesmo a Leila, com reconhecida desenvoltura em estabelecer conversações, teve dificuldade em se entrosar com ela. Essa barreira foi ultrapassada quando eu mudei de sala e fui trabalhar ao lado das duas. Num determinado dia, na hora do almoço, Leila me questionou se chamávamos a colega eu sempre estava muito concentrada e não levantava quase o rosto. Eu falei que o máximo que iria acontecer é ela declinar do convite. Daquele almoço simples no Centro da cidade do Rio nasceu uma profunda amizade.

Os anos posteriores foram cheios de acontecimentos: almoços, conversas, aniversários, separações, o seu casamento com o Leonam, nascimentos de mais três filhos, o falecimento do meu pai, festas, saídas. Foram muitas alegrias e dificuldades compartilhadas, contando sempre com a cumplicidade um com o outro. Criamos laços fortes, tínhamos várias interseções de amizades, e Adriana estava presente em vários aspectos da minha vida. Sempre com empatia e ouvidos atentos.

Intercalamos vários períodos de presença cotidiana e afastamento por contingências da vida. Uma delas foi quando ela mudou de unidade, e perdemos o convívio diário. Mas quando retornou, voltamos a pertencer a mesma coordenação e até a dividir a mesma sala.

Na sala que dividíamos, estávamos muito entusiasmados, pois agora podíamos ter o convívio próximo e tornar a saga de advogar na Empresa menos árdua. Era uma alegria imensa poder trabalhar lado a lado, compartilhar o dia a dia e fortalecer ainda mais nossa amizade. Mas, ao mesmo tempo, havia uma aflição silenciosa: tínhamos certeza de que essa felicidade teria fim.

Então que me veio a ideia de Pompeia. Como na história, um dia o vulcão entraria em erupção e a cidade coberta por cinzas lava. A metáfora traduzia o pressentimento de que aquele período intenso teria um fim abrupto, mas também a certeza de que ficaria preservado para sempre.

Adriana era única. Nos sentíamos únicos e íntegros. Nossa amizade se sustentava na afinidade, na confiança e na certeza de que podíamos contar um com o outro.

Infelizmente, não estávamos tão próximos desde a pandemia. Acreditava que retornaríamos ao convívio, pois a nossa amizade sempre teve esses períodos de alternância.  Estava redondamente errado.

Ficou evidente o quanto a família esteve unida e engajada em oferecer apoio. O marido assumiu com dedicação o cuidado do pequeno, e todos ao redor se mobilizaram para estar presentes e dar suporte. Tenho certeza de que esse acolhimento foi fundamental para que Adriana enfrentasse a doença com coragem. Quem esteve ao lado dela nesse período merece todas as homenagens e o nosso reconhecimento.

Dela guardo comigo a coragem que sempre teve encarar os problemas. Era de extrema força e determinação, em todos os aspectos da vida. Sentia medo e enfrentava. Fomos testemunhas disso. Teve força e coragem até o fim.

Agraciados foram os que receberam o seu afeto. Adriana sempre estará conosco. Fiquemos com os frutos que ela deixou e com a memória compartilhada por todos que tiveram o privilégio de conviver com ela. Sigamos! E com o mesmo entusiasmo que ela sempre teve com a vida!”. Vinícius Marques.

Adriana partiu cedo demais, mas a força que ela deixou continua iluminando todos os que tiveram a graça de caminhar ao seu lado. Esta é uma homenagem da Advocef a uma mulher extraordinária. Que a força de Adriana siga amparando seus familiares e amigos, a quem dedicamos nossa profunda solidariedade!

Adriana Maria de Almeida Meirelles
★ 13/05/1976
†​ 28/11/2025

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